Este episódio é uma reprise. Foi publicado originalmente em julho de 2022.
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No processo de transição energética, uma das estratégias mais promissoras é a chamada "eletrificação de tudo", ou no inglês electrify everything. Isso significa usar eletricidade - desde que ela venha de fontes renováveis - ao invés de queimar combustíveis fósseis.
Um exemplo disso são os carros elétricos, que devem substituir no futuro aqueles movidos a gasolina. Mas a ideia é fazer isso além do transporte, em todas as outras áreas da economia.
Só que essa mudança não é simples. Em alguns processos industriais e do transporte pesado, não dá pra ligar máquinas na tomada, esperar que elas carreguem ou usar baterias. Ou seja, não é possível eletrificar atividades diretamente - e é aí que surge o hidrogênio como um vetor de eletrificação indireta.
O hidrogênio pode ser queimado ao invés de carvão em siderúrgicas para a produção de aço, pode substituir gás natural no aquecimento de casas e a amônia proveniente do hidrogênio pode ser usada como combustível no transporte marítimo de contêineres, por exemplo.
Hoje, o hidrogênio já é usado na indústria, mas em sua variante mais suja, feita a partir do gás natural e do carvão. Esse é o hidrogênio cinza. Pois eis que, agora, com o barateamento da energia solar e eólica, surge o hidrogênio verde.
Quase vinte países já apresentaram planos de longo prazo para o investimento na cadeia do hidrogênio verde. A Alemanha está na liderança, com US$ 10 bilhões até 2030. Turbinado com a energia eólica do Atacama, o Chile trabalha para ter a maior capacidade instalada para produção de hidrogênio verde do mundo.
E o Brasil? Com mais de 80% da sua matriz elétrica baseada em fontes limpas, condições naturais favoráveis para novas usinas solares e eólicas, e infraestrutura portuária para exportação, o país é um candidato natural a protagonista nessa nova economia.
O episódio de hoje é a reprise de uma entrevista de junho de 2022 com Philipp Daniel Hauser, do E+ transição energética. Esse é um think thank brasileiro, financiado pela filantropia e, em parte, pelo governo da Alemanha. O Philipp é alemão, mas estudou e fez sua carreira no Brasil. Uma das paradas dele foi na vice-presidência de transição energética na Engie, a maior empresa privada de energia no Brasil.
Uma atualização: desde que essa entrevista foi ao ar pela primeira vez, a química Unigel anunciou que os investimentos em sua unidade de produção de hidrogênio verde em Camaçari, na Bahia, chegarão a US$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos: é mais de dez vezes o valor já comprometido para a planta, que começou a ser erguida em meados do ano passado. E a Engie Brasil anunciou que vai estudar a viabilidade de produção de hidrogênio verde no Paraná.
Mas vamos lá pra entrevista: nessa conversa, Philipp explica como funciona o hidrogênio verde, conta sobre o atual estágio de barateamento dessa tecnologia e dá a sua opinião sobre o que o Brasil deveria fazer para ocupar uma posição de liderança no novo mapa geopolítico da energia que está sendo desenhado agora.
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